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Caminhos perigosos: a adolescência e o desafio das drogas

Sejam bem-vindos à adolescência, um turbilhão de hormônios e emoções entra em ação. É uma fase que certamente a maioria sente saudades, afinal as responsabilidades eram infinitamente menores do que na fase adulta. É verdade que não pensávamos tanto nas responsabilidades, nosso foco era outro, outros ou às vezes nenhum. Íamos do oito ao oitenta em questão de segundos, íamos da coragem para o medo na velocidade da luz.

 

Ser adolescente também tem suas partes não tão agradáveis assim, afinal aquela maconha descoberta na mochila ou a garrafa de bebida escondida no armário rendiam broncas e castigos.

 

Muitos pais me procuram em um misto de pânico e decepção após encontrarem drogas nos pertences de seus filhos.

 

A primeira e fatal pergunta que os pais costumam fazer nesse momento é: “Onde foi que eu errei?”.

Começo dizendo que nem sempre houve erro, falta de diálogo, ausência de tempo e muito menos falta de amor.

 

A adolescência é uma fase de pertencimento a um grupo, uma turma ou uma tribo. E como o jovem passa a pertencer ao grupo dos descolados?

 

Uma das respostas é experimentando o proibido, o álcool e a maconha. E neste texto vou me ater a essas duas drogas apenas.

 

É hora de trocar os questionamentos dos porquês e dar lugar à responsabilidade.

Ou seja, continuar a educar o adolescente aceitando a situação atual e cabe ressaltar que aceitar não significa concordar ou normalizar o uso de álcool e maconha antes da maioridade.

 

Costumo dizer que essa é a primeira parte polêmica da história toda, afinal acabo ouvindo que é melhor deixar beber em casa do que deixar o pobre coitado na rua alcoolizado ou chapado. Engano! 

 

É permitido por lei dirigir automóvel antes dos dezoito anos? Não! Então por que seria permitido o uso de drogas antes que o jovem se tornasse dono de suas próprias escolhas e responsabilidades?

 

Não é hora de se revoltar contra o filho, tampouco ignorar o problema e achar que as coisas se resolvem sozinhas.

 

É hora de adaptar a educação às circunstâncias, levando em conta que mesmo sendo adolescentes, quase adultos, ainda dependem dos pais, emocionalmente e financeiramente.

 

Os filhos até a chegada da adolescência se sentiam protegidos em todos os aspectos e possíveis dores da alma e físicas, mas se deparam com um processo de descobertas, conflitos, ansiedades, angústias, incertezas e dúvidas que terão que enfrentar.

Uma das formas que o jovem usa para comunicar aos pais que agora ele é livre, independente, é desafiando o proibido. É um jeito completamente disfuncional? Sem dúvida!

 

Ao mesmo tempo que eles se sentem independentes, temem o desconhecido. E é aí que entra a droga, que invade nossa sociedade.

 

A busca por coragem, por desinibição, por momentos de paz ou para enfrentar as frustrações leva os jovens ao consumo de álcool e maconha. Uma acalma no começo e a outra desinibe, mas ambas agem no cérebro causando efeitos devastadores que falarei em outro momento.

 

É hora de lutar junto com eles, transmitindo a segurança de que eles ainda precisam de educação, proteção e da tomada de decisões, afinal ainda são menores de idade.

 

Falando de forma bem prática, é hora de acolher os sentimentos dos filhos, mas também é hora de dizer o famoso não.

 

É hora da famosa conversa sobre as leis, sobre a proibição do uso sem negociação e é hora de tomar providências.

 

É hora de educar e vigiar, não existe privacidade em mochila, armário, celular e computador, afinal o comportamento exige supervisão até que a confiança seja conquistada novamente.

Quem disse que educar filho era fácil?

Encerro deixando a seguinte mensagem: vocês pais não precisam enfrentar isso sozinhos, busquem orientação profissional especializada. Mantenham a serenidade e decidam quais serão as estratégias para lidar com a situação.

 

Fernanda Papa

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